quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sem cera o pavio apaga-se. Está escuro.

Sonhar a Saudade

Ás vezes tenho saudades do tempo em que fui aproveitando mais o mar e o pôr-do-sol, das companhias nocturnas e misteriosas, daquele sal próprio no corpo.
Saudades de não ter responsabilidades...
Do moinho.
Da tenda de madeira onde passava horas a ler.
De por o fato a secar, sabendo que no outro dia bem cedo, e ainda húmido, ja ia estar de novo colado ao meu corpo.
Saudades de estar sozinho dentro de água com a praia deserta, e a ver o sol desaparecer.
De ficar na falésia a olhar para o mar que se envolvia nos meus pensamentos ora vagos, ora concretos.
De sentir aquela areia grossa e de dormir com aquele sal todo no corpo.
Nesse tempo, em que aproveitei mais o mar, envolvi-me com um lugar.
Lugar esse onde senti a verdadeira união e fusão com o mar.
Onde quase morri e voltei a nascer.
Onde escrevi e me organizei.
Sonhei, cresci e vivi.
Onde já não vivo, não cresço, mas que continua a ser pano de fundo de muitos dos meus sonhos.